terça-feira, 18 de março de 2008

Defendendo o Gerúndio

Que raiva toda é esta que cai sobre o gerúndio? Que mal faz ele à nossa língua, e, principalmente, por que todos os manuais de jornalismo explicitam: “Gerúndio, nunca. E nunca significa nunca”. Armando Nogueira dizia assim, “o desespero é que o meu nome é um gerúndio...Armando !”. Coitado dele. Tem de conviver com esta infâmia, esta mancha encardida em seu nome.

Intrigado com esta perseguição, perguntei a Deus (Google): “O que há de errado com o gerúndio?”. Deus me iluminou com alguns milhares de resultados.

Aparentemente, a culpa é do telemarketing (sempre o telemarketing...). E, de fato, senti arrepios quando li: (leia com o nariz tapado, por favor. O efeito será devastador)
"Vou estar transmitindo o recado ao doutor fulano";
"Vamos estar remetendo uma segunda via do documento pelo correio";
"Vamos estar encaminhando o seu caso à nossa gerência administrativa";
"A gerência vai estar estudando o seu caso";
''Um minuto, que eu vou estar transferindo a ligação".

Bem, neste caso, concordo. O gerúndio é uma tradução mal feita do inglês “ing”. I will be sending, You will be comming... Mas nem sempre será desta forma.

Por exemplo: em português lusitano, diz-se: “Óh, gajo, eu estou a fazer o que me pede.” Ao contrário, no gerúndio dizemos: E aí, mermão, eu estou fazendo essa parada aí.

É verdade que o vocabulário e o coloquialismo destes nossos personagens são bastante exagerados. Entretanto, estamos vendo (estamos a ver) um exemplo claro de um gerúndio inofensivo. Ele não machuca os ouvidos, não morde e não é um empréstimo mal feito da língua inglesa. Muito pelo contrário, ele é uma modificação natural do português brasileiro que o difere de seu parente europeu.

Portanto, Armando, não se sinta mal. Os manuais de jornalismo é que são muito intransigentes.

segunda-feira, 17 de março de 2008

A arte de Dirigir pelas ruas do Rio de Janeiro

Já houve um tempo em que os cariocas podiam se gabar dos paulistas por causa dos engarrafamentos intermináveis da megalópole. Hoje, porém, podemos nos compadecer de nossos vizinhos, sentar e chorar ao seu lado, pois já estamos no mesmo barco. O termo caótico, inclusive, não é mais suficiente. Precisamos de algo novo. Trânsito caótico tínhamos há cinco anos atrás, agora nem mais sei o que temos; não sei nem se podemos chamá-lo mais de trânsito. Quem fica parado não está transitando. Esta parado e ponto.

Lembro do Casseta&Planeta, que numa prova de humor indiscutível, abordava motoristas engarrafados: “Você já pagou o IPTU do seu carro?” E o motorista, perplexo, perguntava: “IPTU? Você quis dizer IPVA”. “Não”, respondia Hélio de la Pena, “Seu carro é imóvel. Agora paga IPTU”.

Eu sei, eu sei. Não é tão bom assim, mas na hora eu morri de rir.

Bom mesmo foi o Seinfeld, que comparou a procura por uma vaga em Nova York com um jogo de Dança das Cadeiras, mas que todos já haviam “sentado” na década de 80.

Sempre que passo por Copacabana me lembro desta piada. Capacabana, por sinal, que abriga a Rua Nossa Senhora que Engarrafamento! Outro clássico...