sábado, 26 de janeiro de 2008

O Brasil de Darwin!

O Museu Histórico Nacional, admito, é uma merda. Nesta semana, visitei-o para aprender um pouco mais sobre Charles Darwin, curioso que estava para contemplar a didática exposição sobre o cientista – que, a propósito, permanecerá até Abril.

Fui com um grande amigo, paguei R$ 7(meia) e gostei do que vi. Charles Darwin, como esperava, mostrara desde jovem a independência característica daqueles que se destacam, gênios. Por isso, sofrera, fôra mal-compreendido e vez por outra repreendido, ora por seus pais, ora por professores.

A exposição indica um Darwin hiper-dedicado a seus estudos, em que reservou ininterruptamente uma vida de esforços para chegar a Teoria da Evolução das Espécies. Cursou Botânica 4 vezes, as três últimas por despretensioso prazer.

Darwin visitou o Brasil duas vezes, ambas como parte de sua excursão financiada pela coroa inglesa. Veio, maravilhou-se com a beleza do país e decidiu... nunca mais voltar. O cientista, abolicionista convicto, exclamou:“dou graças a Deus e espero nunca mais visitar um país de escravos”. Mas a viagem prosseguiu. Paisagens maravilhosas, animais cativantes e civilização... Ah, civilização. Involução da Espécies. Sobre a sociedade brasileira, Darwin ainda observou que “aqui, qualquer um que tenha dinheiro pode fazer o que bem entender, pois jamais será punido”.

Aviso dado há 150 anos.

Há muito mais sobre Darwin na exposição, lógico. O Museu Histórico Nacional, por sua vez, deixa muito a desejar. Exemplo claro de descaso dos nossos governantes para com a história. Darwin certamente os repudiaria por isso. Portanto, eu, parafraseando o ilustre cientista, dou graças a Deus e espero nunca mais visitar um Museu Nacional tão pobre.

Tráfico responde a Lula!



Lula, em visita ao Rio para comemorar o aniversário de Sérgio Cabral, aproveitou para dar um recado: "Os traficantes do Complexo do Alemão são pessoas não-gratas e terão que sair quando começarem as obras do PAC. Quer queiram, quer não".

A resposta do tráfico veio prontamente e foi divulgada pelo SBT.

Vai sem medo, Lula, - que os menor tão de play!

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Etanol: herói ou vilão?!



Documentário feito pelo canal Bloomberg para denunciar as condições precárias em que vivem os cortadores de cana no Brasil. As denuncias são verídicas, conhecidas e deveriam ser mais exploradas pela mídia nacional.

Embora louvável a denúncia, também não passa batido: o etanol brasileiro anda incomodando.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Cadê nosso legado?

Segurança do Pan teve mais verba que Estados - Folha de S. Paulo
De Marcelo Beraba:

Os Jogos Pan-Americanos do Rio consumiram 63% do orçamento do Fundo Nacional de Segurança Pública no ano passado. Foram R$ 418 milhões. Com isso, restaram apenas R$ 250 milhões para os programas estaduais e municipais de prevenção e combate à criminalidade. Foi mais do que em 2006 (R$ 199,7 milhões), mas bem menos do que em 2003 (R$ 315,2 milhões).

Para efeito de comparação, o valor equivale aos novos investimentos feitos com orçamento próprio por apenas duas secretarias de Segurança, as de São Paulo e do Rio, em 2007. Como o governo demorou a aprovar os convênios -os primeiros foram liberados em novembro-, eles só serão implantados de fato em 2008.
(retirado do blog do Noblat)

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

A Faceta da Morte!

(clique na imagem para ampliá-la)


Às vezes, uma imagem vale mais que mil palavras. Já uma mentira, pode valer milhares de imagens. Ou vidas.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Momento Sério.

Nas palavras do grande mestre, Machado de Assis;

“A Rua do Ouvidor resume o Rio de Janeiro (...) O rosto da cidade fluminense é esta rua, rosto eloqüente que exprime todos os sentimentos e todas as idéias...”

Amarelada, sépia, a Rua do Ouvidor se estende cortando o centro carioca como uma faca no seio do tempo. Preserva ainda os olhares inquietos dos transeuntes agitados que por lá passam todos os dias. Os coches não mais lá estão; no seu lugar, surgem, intrometidos, os automóveis que se espremem entre pedestres. A rua esta mais agitada, a vida está mais agitada. Machado não previa isto, nem nunca se propôs ao futurismo, mas a exatidão de suas palavras povoa o centro do Rio, assim como outras partes da cidade que estrelam em seus romances.

“- Este gosto de imitar as francesas da rua do ouvidor, dizia-me José Dias... As moças devem andar como sempre andaram, com seu vagar e paciência, e não este tique-taque afrancesado...”

E se Machado de Assis nos visse hoje, andando na Rua do Ouvidor, o que diria? Qual descrição seria de melhor feitio para seus livros? Os ternos caros de executivos? As roupas velhas dos mendigos? O andar triunfante das meninas de hoje, com suas roupas provocativas? Teria Machado tanto amor por esta nova rua? Não mais imitamos os franceses, agora somos cidadãos do mundo. Diversidade de estilos, culturas, andares, e até mesmo franceses, participam desta sinfonia.

Na Rua Uruguaiana, um grupo de curiosos circunda o pregador de palavras fortes, o vendedor de bugingangas. O morro do castelo sobrevive apenas nos textos, a Glória é agora povoada por travestis e prostitutas; O centro do Rio mudou. Na época de Machado, era lugar de ricos, da elite cultural carioca, e, por que não, brasileira. Atualmente, os poucos que sobraram são pobres, muito pobres.

O Bairro do Cosme Velho abriga antiga casa de Machado de Assis. Grande, como não são as casas de hoje, e bela. Muito bela. Por lá, hoje, passeiam babás carregando e crianças, casais, idosos. Como numa chácara antiga, oriunda de um túnel do tempo, que nos leva ao século passado.

“Chilreavam na chácara vizinha à casa do doutor algumas aves afeitas à vida simi-urbana, semi-silvestre que lhes pode oferecer uma chácara nas Laranjeiras.”

Na rua das Laranjeiras passam mais carros do que deveriam. O túnel Rebouças transformou o que era um bairro calmo, tranqüilo, num mar de carros e engarrafamentos. No caminho, o time tricolor sentou sua morada. O fluminense banha-se nas fontes deste bairro histórico.

Copacabana era um lugar ermo e de difícil acesso, onde só se chegava a cavalo. A praia deserta era verde, limpa e quieta.

“Mas tudo cansa, até a solidão. Aires entrou a sentir uma ponta de aborrecimento: bocejava, cochilava, tinha sede de gente viva, estranha, qualquer que fosse, alegre ou triste. Metia-se por bairros estranhos, trepava aos morros, ia as igrejas velhas, às ruas novas, à Copacabana e à Tijuca. O mar ali, aqui o mato e a vista acordavam nele uma infinidade de ecos, que pareciam as próprias vozes antigas.”

A Copacabana de Assis pouco se assemelha aos dias atuais, onde um bairro já velho bebe dos tempos da garota, dos poetas e da bossa nova.

Chegamos, então, ao bairro de Santa Teresa, onde tudo se resume, principalmente com uma descida à Lapa. O bonde elétrico era novidade. Os cocheiros, desempregados, viam a novidade com maus olhos, mas o ar moderno que conferira ao bairro não podia ser ignorado. Estendia-se aos arcos do bairro da Lapa, e ligava-se ao centro da cidade.

Santa Teresa, hoje, é o reduto dos artistas. Segundo eles, o bairro confere às suas obras uma aura secular, bucólica. Nos carnavais, os melhores blocos saem de lá, espremidos em suas pequenas ruelas, sobre os trilhos metálicos do bonde. Botecos, botequins, muitos ainda são os mesmos. O ar de Santa Teresa parece ainda ser o mesmo. No fundo, quando revisamos as páginas de um antigo livro de fotografias, ou quando lemos um livro de Machado de Assis, sob o sol do Rio de Janeiro, as cores sépia destacam-se. Voltamos ao Rio antigo e nostálgico, mas belo como sempre.