quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Zéfini!

Pronto. Acabou. É o fim da CPMF, pelo menos até o segundo semestre de 2008, quando, provavelmente, o tributo deverá ser novamente proposto. Plim! 40 bilhões de reais sumiram das contas do governo. Repentinamente, Abruptamente. E o que podemos esperar? Dininuição de preços para o consumidor? Acho que estamos mais para uma aumento no lucro dos produtores, o que pode, de fato, a médio e longo prazo, ter um efeito positivo na economia.

No entanto, da forma como foi feita, a extinção da CPMF causa somente uma coisa: instabilidade. E instabilidade significa perdas econômicas, o que pode levar a perdas severas a médio e longo prazo. O efeito já chegou nas bolsas de valores; quedas dramáticas das ações, alta dos juros e do risco-país.

Particularmente, sou contra o fim do imposto do cheque, mas, na prática, não acho que seu fim represente um grande problema. O problema está na forma como ele foi extinto. Se tivesse havido uma diminuição gradual, teríamos evitado o choque econômico devido a repentina perda de tamanha quantia.

Mas, como tudo no Brasil, deixamos a votação para a última hora - todos já sabíamos que a CPMF estava prevista para acabar no fim de 2007, mas o governo só começou a se movimentar há 3 meses. Por que não pensamos nisto antes? Por que não havia um plano B? Por que, pelo amor de Deus, por quê?

Respondo: O governo está há SEIS MESES nesta ladainha de Renan Calheiros (para, por fim, inocentá-lo, diga-se de passagem). Seis meses inúteis, perdidos.

Capitão Nascimento novamente tem a deixa - O sistema não trabalha para resolver os problemas da população. O sistema trabalha para resolver os problemas do sistema. E nós ficamos na mesma.

4 comentários:

Chico Trigo disse...

O mais impressionante da CPMF é que foram 3 meses de discussão e eu não tenho convicção nhma sobre o melhor destino dela. Certamente, seria o término paulatino - proposta do PDT.

O mais rídiculo são as declarações de uns senadores, como se o único objeto fosse derrotar o Lula.

Lula que, aliás, já merecia tomar uma porradinha (de R$40 bi ahahua), tava perdendo o rumo nos discursos, incrimando tudo e todos. Ora, ele já esteve do outro lado e fez igual.

Bruno Macchiute disse...

Metamorfose ambulante. Toca Raul!

Chico Trigo disse...

Texto do Gabeira (contra a CPMF)

O governo está culpando a oposição pela queda da CPMF. Depois de cometer inúmeros erros, o governo acrescenta mais esse ao seu repertório. É um clássico principio político examinar a própria atuação, apontar, humildemente, os próprios equívocos e, com isso, aprender para trilhar um outro caminho.

Incapaz de olhar para dentro, o governo projeta seus fantasmas. Em primeiro lugar, criminalizou os que votavam contra a CPMF, chamando-os de sonegadores. Agora, vai tentar responsabilizá-los pelas dificuldades da saúde, onde os problemas de gestão e roubo (vide Funasa) são determinantes para a ineficácia.

Devemos ficar atentos também para a expressão reforma tributária. Já participei de inúmeros debates sobre o tema. Chegamos a trazer gente da Alemanha para falar de meio ambiente e impostos. No entanto, no final de cada longa série de debates, seminários, a montanha sempre pare um rato.

Se a reforma tributária é alternativa para a CPMF, isto significa que vamos pagar mais 40 bilhões? Ou a reforma tributária significa reduzir a carga de impostos, torná-la mais racional?

O problema do governo é ter muito dinheiro para gastar. É o dar ao presidente, como se faz na Venezuela, em proporções menores é claro, um saco de bondades, que vai distribuindo de acordo com a conveniência. Doze milhões aqui para as escolas de samba, 350 milhões para a tv pública que fará a propaganda de seu governo - enfim um conjunto de medidas que compõem a imagem do paternal benfeitor latino-americano.

Com todos os problemas que a produção de energia nos traz no momento e nos trará no futuro, o presidente Lula entregou Furnas para o PMDB do Rio, encarnado por Luiz Paulo Conde, que, por sinal, nada entende do assunto.

O processo foi desastroso desde a votação na Câmara, onde o governo nos derrotou com facilidade. Mas pagou inúmeros pedágios. Assim como tentou pagar no Senado, mas agora deve se sentir a vontade para não honrar suas promessas.

A forma de aprovar a CMPF teve o estilo da pior política brasileira: o toma lá, da cá. E o que é mais grave: pior estilo, péssima performance.

A arrogância do governo foi derrotada. Abre-se o caminho para nova negociação. Mas se ela representar aumento da carga tributária, não se pode aceitar. A sobrecarga sobre o contribuinte brasileiro não os dificulta a economia como é, pedagogicamente, negativa para um governo deslumbrado com o luxo e mergulhado em gastos irracionais.

Bruno Macchiute disse...

O grande problema, meu caro Chico, volto a salientar, é a perda abrupta de 40 bilhões. Na prática, o fim da CPMF não significará absolutamente nada para o contribuinte, mas, para o governo, foi um golpe duro. O mais inteligente seria uma diminuição gradual, o que possibilitaria um lento, porém certo, ajuste econômico para as novas possibilidades econômicas.

De fato, o PSDB e o DEM arrancaram uma grande vitória do governo. Foi a melhor jogada política até agora.

O Brasil vinha apontando significativas melhoras em todos os níveis. Inclusive, pela primeira vez desde a entrada do FHC haveria um reajuste para os funcionários públicos. Bom, agora já era.

É certo que o governo gasta mais do que deveria - e gasta irracionalmente, mas não é um corte radical de orçamento que irá resolver o caso.

PS; metade destes gastos irracionais vinham são provenientes destes próprios partidos que votaram contra a CPMF. Ou você confia no dicernimento do DEM/PFL/ARENA...